Blind Blake
- Humberto Piccoli
- 20 de abr. de 2020
- 2 min de leitura

Nascido em 1896, pouco se sabe sobre a vida de um dos mais influentes músicos populares americanos: Arthur “Blind” Blake. Pesquisadores debatem até mesmo o local de seu nascimento, se foi na cidade de Jacksonville, na Flórida, ou em Newport News, no estado da Virgínia. Até mesmo a veracidade de seu nome é motivo de debate. De acordo com o site Wikipedia, Blind Willie McTell (músico contemporâneo de Blind Blake, influente no gênero Piedmont Blues) teria indicado que o nome verdadeiro de Blake seria Arthur Phelps, mas segundo o pesquisador Alan Balfour, a hipótese é refutável.
Até o ano de 1926, quando Blake começou a gravar pela Paramount Records, nada se sabe a respeito de sua juventude. Suspeita-se que Blake tenha passado bastante tempo em Jacksonville. Além disso, aparentemente Blake deixou escapar algumas palavras em uma gravação que parecem ser do dialeto Geechee, ou Gullah, o que sugere que ele tenha alguma ligação com a região das Sea Islands, cadeia de ilhas na costa atlântica dos Estados Unidos, algumas muito próximas a Jacksonville, e cujos territórios compreendem uma variedade de culturas crioulas.
A primeira gravação de Blake foi em 1926 com “Early Morning Blues” no lado A, e no lado B “West Coast Blues”, em que já se pode testemunhar seu estilo único de tocar violão, que se tornou referência fundamental para guitarristas do Blues. Blind Blake tinha um estilo de dedilhado ou fingerpicking que muitos compararam com o piano do ragtime.
Durante as gravações da Paramount, Blake ficava em Chicago, Illinois, mas durante o inverno rigoroso da cidade, o guitarrista, acostumado com o clima do litoral sul americano, voltava a Flórida. Nos anos 1930 Blake teria sido visto tocando na frente de um hotel em Jacksonville.
As gravações de Blake venderam bem e o guitarrista foi atração constante nos planos da Paramount, mas é difícil supor qualquer coisa sobre sua atuação nas ruas de Chicago. Na época, os artistas de blues vindos do sul do Estados Unidos para Chicago atraídos pela oportunidade de gravar e ganhar a vida no mercado da música acabavam tocando na rua e em bordéis, mas nada se sabe de Blind Blake a esse respeito.
Após a crise de 1929 e com a inevitável falência da Paramount Records entre os anos 1932 e 1934, Blind Blake encerrou sua carreira de gravação, assim como tantos outros artistas da época. Supõe-se que Blake tenha sido levado para Milwaukee, Wisconsin, onde a Paramount teria hospedado muitos de seus artistas.
Em 1933, Blake foi hospitalizado por pneumonia e nunca teria se curado completamente. Em dezembro de 1934 sofreu uma hemorragia pulmonar e morreu na ambulância a caminho do hospital.
A importância de Blind Blake na música popular americana e na história da guitarra blues é fundamental e merece ser mais estudada e lembrada. O guitarrista influenciou diretamente diversos artistas do blues. Papa Charlie Jackson - outro gigante da música americana - o tinha como um ídolo e , junto com Blake, gravou uma sessão histórica: “Papa Charlie and Blind Blake Talk About It”, onde se escuta os dois gigantes numa “jam session” incrivelmente espontânea e rara na história do fonograma.
Dedique um tempo para escutar o mestre Blind Blake e, se você for guitarrista, experimente tirar alguns de seus acompanhamentos. Você não vai se arrepender!